Judoca do Flamengo deixa o clube após denunciar assédio por auxiliar técnico

Judoca do Flamengo denuncia assédio sexual e deixa o clube

Em maio deste ano, uma judoca do Flamengo apresentou uma denúncia formal de assédio sexual contra o auxiliar técnico Renan Moutinho. A atleta relatou ao departamento de Recursos Humanos da Gávea diversos episódios de comportamento inadequado por parte do treinador, incluindo comentários de cunho sexual e desrespeitosos. A denúncia, que inclui relatos de outras atletas, foi inicialmente apurada por Túlio Rodrigues, do Coluna do Fla. A identidade das judocas envolvidas foi preservada.

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Detalhes das denúncias

Na denúncia, a atleta detalha que Renan frequentemente fazia comentários sexualmente inapropriados no ambiente de trabalho. Em uma ocasião, ele afirmou diante de outros atletas que “o melhor beijo da vida dele foi com um casal de lésbicas” e que “as mulheres lésbicas sabem satisfazer uma pessoa e que o sonho dele é fazer um ‘ménage’ com um casal de mulheres lésbicas”, referindo-se à judoca e sua namorada, também atleta do Flamengo.

Outro episódio mencionado envolveu comentários de Renan sobre o corpo de outras atletas, tanto pessoalmente quanto online. Renan também compartilhou detalhes íntimos de seus relacionamentos sem que a atleta demonstrasse interesse. Inicialmente, a judoca guardou esses eventos para si, mas depois compartilhou com sua namorada, que faltou aos treinos comandados por Renan e insistiu na denúncia.

Flamengo permite presença do treinador em viagem

No dia 8 de abril, a judoca relatou os acontecimentos à psicóloga do Flamengo, Adriana Lacerda, que informou a head coach Rosicléia Campos. No entanto, apesar das denúncias, Renan Moutinho foi incluído na delegação que viajou para treinamentos em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, em preparação para o Pan-Americano e os Jogos Olímpicos de Paris. A presença de Renan causou crises de ansiedade e insônia na atleta e sua namorada. Em 12 de abril, a judoca pediu diretamente a Rosicléia a retirada de Renan dos treinos. A head coach afastou o auxiliar técnico da equipe feminina e começou a tomar medidas sobre o caso ao retornar a São Paulo.

Na semana seguinte, a atleta se reuniu com o gerente João Pântano e Rosicléia. Pântano recomendou que a judoca não fizesse um boletim de ocorrência, mas seguisse os procedimentos internos do clube. A atleta entregou uma carta ao RH em 22 de abril. O Flamengo estipulou um prazo de duas semanas para investigar o caso, afastando Renan e as atletas dos treinos até 7 de maio.

Desamparadas, atletas deixam o Flamengo

De acordo com informações de Túlio Rodrigues, em 6 de maio, o clube decidiu que os atos de Renan seriam considerados de baixa gravidade. As medidas incluíram a instalação de câmeras no dojô, palestras sobre comportamento e uma advertência por escrito para Renan. As atletas foram informadas dessas medidas ao retornarem, mas se revoltaram com a permanência de Renan. A namorada da judoca enviou um e-mail ao presidente Rodolfo Landim e outros dirigentes do Flamengo, mas não obteve resposta.

Desamparadas, as duas atletas reclamaram que o clube não manteve sigilo e que funcionários se voltaram contra elas, recusando-se a dividir atividades. A namorada da judoca teve seu contrato rescindido pelo clube, com a justificativa de que postagens em suas redes sociais expuseram o clube, mesmo sem citar nomes.

Após esses episódios, a judoca vítima de assédio sexual pediu rescisão contratual amigável com o Flamengo. Durante as negociações, ela ainda foi campeã com a camisa do Flamengo, mas posteriormente conseguiu a liberação e deixou o clube.

Destaques da matéria

• Judoca do Flamengo denuncia assédio sexual por auxiliar técnico.
• Flamengo mantém auxiliar técnico na delegação apesar das denúncias.
• Clube toma medidas consideradas insuficientes pelas atletas.
• Atletas reclamam de falta de sigilo e apoio do Flamengo.
• Judoca e namorada deixam o clube após sentirem-se desamparadas.

Com informações do Coluna do Fla.