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A História do Urubu: Como um símbolo mudou o Flamengo para sempre

Há 55 anos, flamenguistas adotaram o urubu como mascote em um gesto que transformou o clube.

Redação
Foto: Arquivo/Agência O GLOBO O jogador Guilherme corre para pegar o segundo urubu jogado pela torcida

O Surgimento do Urubu como Mascote

Houve um tempo em que chamar flamenguista de urubu era uma ofensa. Para boa parte dos Rubro-negros, o apelido era considerado um insulto racista. Mas tudo mudou no dia 1º de junho de 1969, quando quatro amigos, moradores do Leme, na Zona Sul do Rio, decidiram calar os torcedores rivais soltando, veja só, um urubu no gramado do Maracanã, durante um clássico contra o Botafogo. A ave foi festejada pelas arquibancadas, trazendo "sorte" ao Flamengo, que quebrou um jejum de quatro anos sem vitórias sobre o adversário. O evento foi tão significativo que até Nelson Rodrigues o mencionou em sua coluna no GLOBO.

Planejamento e Execução

O histórico voo do urubu começou a ser planejado bem antes daquela partida. Hoje, tal atitude seria considerada um crime ambiental, já que essas aves são animais silvestres e não podem ser retiradas de seu habitat, nem sofrer maus-tratos. No entanto, na época, os amigos Victor Ellery, Romilson Meirelles, Luiz Octávio Vaz e Erick Soledade, com idades entre 18 e 20 anos, não pensaram nisso. Eles estavam decididos a capturar um urubu em algum lugar do Rio e mantê-lo em "cativeiro" até o dia de soltar o bicho no Maracanã lotado.

A Caçada ao Urubu

Os quatro foram até a Lagoa Rodrigo de Freitas numa sexta-feira, mas não encontraram nenhum urubu perto dos clubes Piraquê e Caiçaras. Então, foram ao antigo lixão ao ar livre do Caju, na Zona Norte, mas chegaram tarde e não conseguiram entrar. Insistentes, voltaram na manhã seguinte e encontraram vários urubus. Incapazes de capturar um animal por conta própria, convenceram um gari a ajudá-los, pagando cerca de R$ 50 em valores atuais. O servidor público fez um laço numa corda e capturou um urubu.

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O Caos no Carro

Com o urubu enrolado numa manta dentro do carro, os quatro flamenguistas voltavam para casa com a sensação de dever cumprido, já imaginando a farra que seria soltá-lo no estádio no dia seguinte. No entanto, o urubu tentou escapar no meio do caminho, gerando um caos no carro parado em um sinal da Avenida Brasil. O animal se soltou da manta e começou a bater as asas freneticamente, golpeando seus captores. Após muito esforço, conseguiram imobilizá-lo novamente.

Noite Agitada e Grande Dia

O urubu passou a noite em um prédio no Leme, com a cabeça imobilizada para não bicar ninguém. No dia do jogo, amarraram uma bandeira do Flamengo nas patas do pássaro e entraram no estádio com ele dentro de uma sacola. Solto em pleno estádio numa tarde de domingo, o urubu voou sobre a torcida do Botafogo, que, pega de surpresa, não reagiu. Já a torcida do Flamengo vibrava, gritando “É urubu, é urubu!”. Enfraquecido e com o peso da bandeira, o animal pousou no gramado, se tornando a grande notícia do clássico.

Transformação do Símbolo

Até aquele momento, o mascote do Flamengo era o marinheiro Popeye, uma herança do remo, esporte que deu origem ao clube. No dia seguinte ao jogo, o GLOBO trazia a notícia: "Urubu pousa na sorte do Botafogo". Nelson Rodrigues contou o episódio em sua coluna e, no Jornal dos Sports, o cartunista Henfil "humanizou" o bicho com uma charge. Em pouco tempo, o personagem do marujo americano foi substituído pelo pássaro de voo elegante.

O Triste Fim do Urubu Pioneiro

Enquanto a massa flamenguista abraçava o novo símbolo, o urubu capturado no lixão do Caju, solto no Maracanã e abandonado à própria sorte, agonizava. Encontrado sem vida no dia seguinte ao jogo, o corpo do animal foi achado no fosso do Maracanã. Dois dias depois de sua aclamada aparição, O GLOBO noticiava: “Urubu que a torcida elegeu não teve sorte: morreu de fome”.

Consolidação do Novo Mascote

No domingo seguinte, outro grupo de torcedores levou um urubu para o estádio durante uma partida contra o Vasco. Houve uma nova festa da torcida ao avistar o animal no gramado do Maracanã, consolidando a espécie como mascote do Rubro-negro.

Destaques da Matéria

  • Adaptação do urubu como mascote começou em 1969.
  • O evento foi mencionado por Nelson Rodrigues no GLOBO.
  • Planejamento envolveu a captura do urubu no Caju.
  • O urubu foi solto durante um clássico contra o Botafogo.
  • A ave se tornou símbolo oficial do Flamengo.
  • O primeiro urubu morreu logo após o evento.

Com informações do Blog do Acervo, do site O Globo.

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